A história de um copo
Vivíamos todos na mesma praia. As ondas sempre nos acompanharam. Até que um dia cavou-se um sulco na terra e fomos afundados. Julguei que tinha morrido. Das fusões e combustões, entranhei-me com outros desconhecidos. Passamos pela fornalha. Achava que deviam estar loucos! Daí a virar uma espécie de pasta foi um instante.
E depois de alguns dias, fiquei colado a outro e a mais outro.
Aqui estou eu. Sou um copo. Sou vidro. O meu primo, soube na semana passada, é um caleidoscópio. Que sorte! Também gostava. A minha vontade de voltar ao mar é muita. Sinto-me meio inchado. Estranho.
No outro dia disseram-me que nos partimos e nos desfazemos em cacos. Depois lixo ou reciclagem. Aqui me vou ficando. O que mais gosto é da água. Sinto-me como se tivesse voltado à praia… Por aqui é mais isso, e também algum vinho.
Rita Saldanha
Outubro 2006
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