À Susana Caldeira Cabaço, pelo seu gosto por histórias de Hotel
Marie estava sentada num dos chesterfield capitoné do bar do Hotel junto ao piano vestido de cauda preta quando a viu entrar, em direcção à recepção. Os tons verdes do mármore das paredes contrastavam vivamente com o tom tijolo do vestido que envergava, destacando-a ainda mais. A sombrinha na mão direita, de cujo pulso pendia uma bolsa debruada a vidrilhos e uma gola de vison preto compunham o retrato. Sarah continuava a não deixar ninguém indiferente à sua passagem. Não se sabia dizer se era ela ou uma uma das suas personagens que ali estava naquele preciso momento e que não deixava ninguém indiferente. Nem Marie. Marie, no seu vestido preto, singelo, sem adornos, como convém a um cientista que procura chegar à verdade alquímica. E no entanto, estas duas mulheres, tão diferentes entre si, eram feitas da mesma massa que nos une. Um corpo que anseia pelo final do dia, pelo par de braços fortes que o enleie, pelo beijo na fronte, pelas palavras que dizem a verdade mentido - que o amam e que vai tudo correr bem.
Marie Curie e Sarah Bernhardt ficaram hospedadas no Hotel Metropole, Bruxelas, em datas diferentes sendo este, por isso, um encontro ficcionado.
Pedro Diniz
Marie estava sentada num dos chesterfield capitoné do bar do Hotel junto ao piano vestido de cauda preta quando a viu entrar, em direcção à recepção. Os tons verdes do mármore das paredes contrastavam vivamente com o tom tijolo do vestido que envergava, destacando-a ainda mais. A sombrinha na mão direita, de cujo pulso pendia uma bolsa debruada a vidrilhos e uma gola de vison preto compunham o retrato. Sarah continuava a não deixar ninguém indiferente à sua passagem. Não se sabia dizer se era ela ou uma uma das suas personagens que ali estava naquele preciso momento e que não deixava ninguém indiferente. Nem Marie. Marie, no seu vestido preto, singelo, sem adornos, como convém a um cientista que procura chegar à verdade alquímica. E no entanto, estas duas mulheres, tão diferentes entre si, eram feitas da mesma massa que nos une. Um corpo que anseia pelo final do dia, pelo par de braços fortes que o enleie, pelo beijo na fronte, pelas palavras que dizem a verdade mentido - que o amam e que vai tudo correr bem.
Marie Curie e Sarah Bernhardt ficaram hospedadas no Hotel Metropole, Bruxelas, em datas diferentes sendo este, por isso, um encontro ficcionado.
Pedro Diniz
Obrigada! Adorei o texto, muito melhor que o último Hotel que li. Parabéns!
ResponderEliminar